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quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Não é censura, mas sim respeito...


Quem nunca requebrou ou se quer mexeu a cabeçinha quando ouviu o som do cavaco e do pandeiro? Quem não dançou ao som do “É O Tchan”, “Terra Samba” nos anos 90 e agora com o “Harmonia do Samba”, “Parangolé”, Psirico”?
A questão não é gostar ou não de pagode, não é ter dançado ou não pagode. O problema aqui é a que ponto a música popular baiana chegou. Quem foi que disse que pra se divertir precisamos ouvir músicas do tipo “coloca a buceta no pau” ou “toda nas cahorras” ou “mulher é igual a lata, um chuta e o outro cata”. Pagode desde quando surgiu tem duplo sentido, mais ainda, música popular brasileira em sua grande parte tem duplo sentido. Mas o quê entra em jogo não é o duplo sentido, mas o sentido único.
Não somos obrigados a escutar canções ou projetos de letras musicais que denigrem não só a imagem da mulher, mas desrespeitam famílias. O projeto de lei da deputada Luiza Maia está sendo mal interpretado, o que ela quer não é a censurar nem tão pouco proibir que músicas de duplo sentido sejam feitas,(até porque acho que seria um completo absurdo) a deputada não “quer barrar o gosto popular”, ao contrário do que disseram Robisão (Black Style) e Mário Brasil (O Troco) no jornal Bahia Meio Dia . A intenção é proibir que o poder público financie festas e eventos, onde bandas desse tipo estejam presentes. O que não acho errado (diga-se de passagem), porque o governo é o primeiro a ter que dar o exemplo, já que é o nosso dinheiro que eles usam para patrocinar essas festas.
Se acho que afetaria o carnaval da Bahia?! Não, porque o que o Estado faz é garantir a estrutura, não pagar uma banda, um artista ou outro diretamente na festa. Tudo bem que de uma maneira ou outra acabam financiando alguns músicos, mas nada que seja tão desesperador.
Voltando à polêmica, pergunte a algum desse cantores de bandas de pagode se algum dia levariam as suas mães, irmãs, avós, tias e namoradas para um show e pediriam para ralarem a “xana no asfalto”, chupar “pra ver se sai leite”, relaxar na bica, lógico que não.
A luta é por respeito ao sexo que feminino, que em uma sociedade machista, na qual vivemos, em pleno século 21 ainda somos vistas como objeto sexual e esses “incentivos musicais” ajudam ainda mais a fortalecer esse tipo de visão.
Por que não ressaltamos o pagode que é a crônica da favela? “Favela ê falvela, respeite o povo que vem dela”. Ou mesmo que levantem a auto-estima da mulher “é gordinha, mas é gostosa”, “Mulher brasileira é toda boa”.
Baixaria e vulgaridade não são músicas, nem tão pouco servem para diversão. Diversão não significa dançar e cantar eroticamente.
Não pense que repudio o pagode, ao contrário, gosto de dançar (mesmo não sabendo direito), gosto de me divertir em festas com os amigos. Mas as letras não têm ajudado muito, o que, na minha opinião, tem dado uma imagem negativa a música feita na Bahia. A relação que se faz é: erotismo e música baiana tudo a ver. Pra mim não, NADA A VER.
Então fica pergunta: Pra onde foram os bons e velhos tempos do verdadeiro PAGODE POPULAR BAIANO?